Após assistir a produção nacional Proibido Proibir (2007) e o "clássico" Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955) o sentimento que permanece é o mesmo: desamparo. É até interessante, já que ambos os filmes tratam, de maneiras completamente distintas, do mesmo assunto.
Proibido Proibir narra, a priori, a confusa história de 3 jovens: Paulo (Caio Blat), um jovem e perturbado estudante de medicina, que faz jus a imagem de alguns universitários - bebe muito, se droga mais ainda e pega geral; Leôn (Alexandre Rodrigues), estudante de sociologia - idealista, por natureza, e politizado, mas que não deixa de curtir a vida, também; e Letícia (Maria Flor), estudante de arquitetura e, inicialmente, namorada de Leôn - pra mim, nada mais a define, senão o conceito de romântica.
Ao longo do filme, a história de cada um e do conjunto vai tomando maiores proporções. A confusão do enredo se instaura a partir daí, já que não há um personagem principal, em si. Entretanto, a linha narrativa que, às vezes, deixa o espectador perdido, não foge muito a conhacida estrutura clássica - a mesma presente nos queridos filmes hollywoodianos. Ao que parece, a tentativa das produções brasileiras de distanciar-se da linguagem daquela linha narrativa, mais uma vez frustou-se.
Acho interessante retomar aqui, devido ao teor melodramático do filme, o que Ismail Xavier disse em sua entrevista à Folha Online (e que tive acesso por meio do blog do Lisandro Nogueira), o "cinema brasileiro tem hoje uma afinidade com aquilo que é o ideário das ONGs, é um cinema-ONG". A colocação do professor e crítico de cinema em muito se adequa ao que Proibido Proibir retrata através dos seus 100 minutos de duração.
Mais uma vez, a realidade da favela sofre uma tentativa de destrinchamento. Mais uma vez, não surpreendentemente, a abordagem utilizada é violenta e hostil, além do suficiente. Mais uma vez, a solução não é apontada. Não é a toa que no final do filme, o espectador sente-se desamparado; suas dúvidas são estimuladas demais e não respondidas sequer ao nível do longa, que apela durante toda a narrativa às emoções do público.
Fora da discussão temática, entretanto, encontramos uma estrutura diferente, tomadas de câmera diferenciadas das tradiocionais - apesar de estas também estarem presentes ao longo da narrativa - e uma trilha sonora saborosa, que estimula a percepção do espectador na medida certa, provocando momentos de hedonismo puro e/ou momentos de tensão extrema.
A fotografia, como a meu ver, na maioria dos filmes brasileiros que já assisti, deixa um pouco a desejar, já que a luz é limitada e a câmera, nenhum pouco fixa, atrapalha boa parte das tomadas panorâmicas que seriam mais belas, caso o recurso não fosse tão recorrente. Mas, quero deixar bem claro, que não sou uma fiel das telonas quando o assunto é produção nacional e não me orgulho disso.
No extremo oposto de Proibido Proibir, com relação à técnica, está Juventude Transviada. O filme é estrelado (e aqui, faço questão de usar esse termo, já que o ator é um dos refereciais do cinema da década de 50) por James Dean, o galã que fez a cabeça de muitas moças na década de 50, incluindo minha avó. Aqui, da mesma maneira, o longa narra a história de 3 jovens, contudo, o foco da trama está em Jim Stark, um jovem rebelde que está mais para carente e problemático do que outra coisa.
É difícil se desvincular da trama e partir para uma discussão quando se trata de filmes que não se propõe ao debate. Com isso, o melhor a se fazer é fugir do desmembramento da trama e partir para os aspectos que Bordwell (só achei um artigo decente sobre ele em inglês) propõe. Sim! Juventude Transviada atende a quase todos os requisitos de um bom clássico: personagens bem definidos e como agente da ação, relação espaço-tempo definida, duas linhas de enredo, formato das cenas, etc. A estrutura presente ali é inegável.
Contudo, algumas questões fogem ao padrão tradicional de concepção dos filmes americanos, como tomadas de camêra diferentes e contraposições que insinuam mais do que o próprio Griffith seria capaz de utilizar em seus filmes. Neste longa, as concepções morais vigentes da época fogem ao modelo proposto pela sociedade, tanto é que, o jovem Jim em todo o momento confronta o próprio pai e, não tão distante, na casa ao lado, a bela e moderninha Judy (Natalie Wood) sofre com os pais que, pare ela, são demodès.
Os longos 110 minutos de duração do filme, que não ultrapassam 2 noites e 1 dia do tempo ficcional, propõem-se a questionar a autoridade paterna perdida em uma "juventude transviada", cujo maior exemplo é o pai de Jim, Frank Stark (Jim Backus).
A história, como todo bom clássico, é envolvente e interessante. Mas, tendo em vista a sociedade hiperestimulada em que vivemos (vide Ben Singer in Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular), o filme não corresponde muito ao que esperamos: muitos e rápidos cortes, um aglomerado de cenas intimamente conectadas e muitos recursos de redundância que tornam o espectador mais ciente do desenrolar da trama.
Aqui, diferentemente de Proibido Proibir, a fotografia está mais bela, talvez devido a apreciação da estética que era mais valorizada na época, o que também inclui uma maquiagem muito bem feita e cenas belamente executadas.
Já a trilha sonora, foi-me uma experiência inadequada, diferentemente da idéia de "cimento" que a professora Simone Tuzzo propõe (A música no cinema: emoção e arte), a trilha de Juventude Transviada não consegue casar bem as cenas ou adequar-se à emoção que aquela cena deveria passar. Durante a minha experiência com o filme, senti-me até incomodada.
= Desalento contemporâneo
O que torna os dois filmes tão diferentes e tão semelhantes ao mesmo tempo, para mim, é o simples fato de o espectador ser desamparado de um final, o que já era "esperado" no caso de Proibido Proibir, não eximindo o poder de desalento do longa. Entretanto, Juventude Transviada também dá ao público essa sensação de descuido com o final do filme.
Não falo de happy-end's, afinal não necessito de casais felizes para sobreviver, mas um desfecho, algo em que se apoiar depois de quase 2h sentada assistindo a um filme que não se dá ao trabalho de responder o que o mesmo propõe. Alguns vão dizer, que é isso que dá ao filme esse ar contamporâneo e até moderno. E concordo, até certo ponto. Sei que parece muita revolta, mas desamparo acaba provocando esse tipo de sentimento, pelo menos em mim.
Indico ambos os filmes! Juventude Transviada é um clássico da década de 50 que todo mundo deveria assistir, senão pra discutir o cinema da época, pelo menos pra apreciar James Dean que está muito bem no filme. Além disso, todo o elenco foi muito bem formado, e criei uma empatia muito grande pelo personagem de Sal Mineo, que atua muito bem durante todo o filme.
Indico ambos os filmes! Juventude Transviada é um clássico da década de 50 que todo mundo deveria assistir, senão pra discutir o cinema da época, pelo menos pra apreciar James Dean que está muito bem no filme. Além disso, todo o elenco foi muito bem formado, e criei uma empatia muito grande pelo personagem de Sal Mineo, que atua muito bem durante todo o filme.
Quanto a Proibido Proibir, indico também. Mais pra quem gosta do gênero sócio-politizado dos filmes brasileiros do que pra quem adora uma bela comédia romântica típica de Hollywood *não que não dê pra apreciar os dois tipos, né*. Os dois filmes valem a pena e suscitam debates e dúvidas. Ficadica.
-beijoassistamecomentem;*
32 comentários:
Boa noite!! Juliana,
Boa crítica: há descrição, comentários extra-filme e boa e irônica interpretação. Seu crescimento é expressivo.
Lisandro
post apaixonante.
adorei
*-*
odeio quando tentam retratar o cotidiano usando o passado..
mas gosto muito quando usam o passado pra contar o futuro....mas num sei explicar.
só sei q me identifiquei muito com o post....
e é raro isso ocorrer...
bjao
bom fds
e se cuide...
Ju,
Vou alugar esses filmes pra assistir no fds.
Beijo grande, menina linda.
Rebeca
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Eu assisto filme brasileiro, mas sempre acho que fica chato sempre mostrar a mesma coisa e tb acho q sempre tem mto palavrão o q me irrita, rs. O filme do James Dean já ouvi mto falar, qm sabe eu baixo p/ ver, mas meu pc tá cheio e nem vi nada ainda...Mas, o que mais gostei é seu jeito de retratar os dois filmes, vc será uma excelente jornalista..bjoks
Ju,
Tem gente que não se manda e, nessas horas, temos que deixá-las no seu devido lugar.
Beijo grande, menina linda.
Rebeca
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Miga...eu nunca ouvi falar desses dois filmes q vc disse , mas depois de sua apreciação..vale muito a pena....aliás..puxa vida como vc escreve bem pra carambaaa..q q é isso heim???? bjokas e te admiro!
Ju! Adorei o texto. Legal demais a percepção dos maneirismos nacionais e de como as pessoas não conseguem fugir do lugar comum, muito embora continuem acreditando na própria originalidade. Outra coisa que você mencionou e que eu considero muito importante: os elementos técnicos de gravação, câmera, música e tudo aquilo que compôe a parte estrutural da narrativa cinematográfica são muito importantes, mas não podem ser o único elemento diferencial. Eu acredito ainda no caráter essencial da mensagem que o filme transmite. Criatividade não deve se resumir à posições malucas de câmera, mas precisa ser tão abrangente quanto podem ser personagens, situações e visões de mundo!
No mais, seu texto é jornalístico e bom de ler!
bjos!
queria ver esses filmes, nuca ouvi falar ;)
não esqueça de passar nu liloblog
beijus
agora que vi..que linda vc colocou meu niver na agendinha...super fofa! amei ♥
Flor da minha vida, cada dia tá mais perto de novembro das férias e da minha viagem rssss to ansiosa rss tomara que nossos planos deem certinho né? rsss
Flor eu to bem melhor e tava morrendo de saudades dos seus posts eu ainda não assisti proibido proibir e agora fiquei curiosa rsss
bjocas florzinha brigada pelas visitinhas e pelos votos de melhoras rsss vc é uma fofa!
bjim e boa semana!
Oii Juu!
Estou de volta com o Lovely Planet, e tá tolando uma super-mega promo, que eu acho que vc vai ADORAR!
Ainda dá tempo!
Te espero!
Aliásss, post muuuito bem escrito, parabéns flor*
Beijus
--> www.lovelyplanet.com.br <--
quando atualizar pode dar um grito viow
xD~
um abraço.
ótima quinta.
e lembre-se.
Dizer a verdade é igual exame de próstata....pode doer...ferir...mas é pro bem da vítima...ops pessoa . ..
e quem planta maconha...dá CANA...
xD~
Fui.se não apanho de tanto escrever bobagis
Oi florzinha rss
to passando pra deixar um bjim e dizer que tem novidades lá no blog, to estreando uma nova tag fixa, nem sei se vc vai gostar rss ve lá amiga? quero saber sua opinião tá?
bjocas e boa noite flor!
Muito boas as resenhas dos dois filmes e associação entre eles, muito bem sacada. Dos dois eu só vi "Juventude Transviada", recomendação do meu pai, e achei um grande filme, ainda que realmente bata um certo desamparo no final.
(ah, méritos do Zé por eu ter conhecido seu blog)
Ai flor !!!
que notícia maravilhosa essa do estágio rssss isso é muito bom, to aqui torcendo por vc e já vou dando umas dicas rsss
Aproveita bastante essa oportunidade flor, seja amiga e prestativa com todos, afinal o estágio é um espelho e mesmo que ele termine e vc não seja contratada, vc tem a experiência e os contatos com pessoas que mais na frente podem te indicar, te ajudar a crescer de alguma forma rssss
E o mais importante rss não pense que "ah eu sou só uma estagiária" rs pense como profissional, muitos dos estagiários que passaram por aqui onde trabalho pecaram nesse pequeno, mas importante, detalhe!
pense grande matendo a humildade rsss
Ai to tão feliz por vc flor rssssss EBAAAAA!
Parabéns, parabéns, parabéns rss vc merece florzinha, beiiiijjjo miga linda!
Ju,
Que elogio mais bem-vindo, menina. É tão bom quando alguém sente de verdade o que escrevemos.
Você é uma querida.
Beijo grande, menina linda.
Rebeca
-
Oi amiiiiiiiiga linda rss
To viajando hj e vou ficar o findis fora do ar rsss por isso to passando aqui logo pra deixar bjos flor e desejar bom fim de semana!
Amo sexta feira amiga e tu?
xerim rss
Juventude Transviada é um clássico!Muito bom , já Proibido Proibir eu não assisti.
Gostei do texto, e gostaria de comentar o trecho no qual vc serefere a "mais do mesmo" em relação ao cinema brasileiro. Concordo que eles propõem muitas indagações, mas não vejo obrigação de obter respostas, de apontar soluções. Até mesmo pq trata-se de algo deveras complexo,para "alguma luz".
Eu, particularmente, gosto de sair do cinema desamparado - acho o estranhamento uma das melhores sensações. Talvez eu realmente goste de sair da zona de conforto e perceber que não existem soluções aparentes...
EXCELENTE TEXTO!
bjo Rosa!
;)
Tem selinho para vc lá no blog, espero que goste.
Está no post:campanha da amizade parte 2.
beijinhos, Paty
http://brechodovale.blogspot.com
Amiga to com saudades de tu, some não e nem deixa de postar que eu amo as coisas que vc escreve rsss
bjos minha miga linda rss
Oi, Ju!
Eu gostei da saia de bolinhas... achei mega fofa... :))) bjss, e obrigada pela visita!
Vim te ver....tô com saudades!Rssrsr
Bjus lind@
O filme "Juventude transviada" eu assisti e recomendo pois gostei bastante. Aliás, só de ser estrelado pelo James Dean já vale suuuper a pena. hehehe
Agora quanto ao outro filme, o nacional, não tenho vontade de ver não... Sei lá, não gosto muito do cinema nacional, tem sempre o mesmo estilinho, me cansa. hehehe
Flor da minha viiiiiiiiiiiiiiida!
Saudades, como foi de feriadão?
Espero que vc tenha aproveitado bem rs flor, bjocas e bom início de semana miga JU (^-^)!
Amiga flor to passando pra deixar um bjo e desejar um bom fim de seamana rsss
bjoooooooooconas! ah... blog atualizado com o look da semana! rs xero
Sabia que to com saudades? rss
bjo miga linda! te lovo rss
Jú kd tu? rsrs
miga coloquei no meu blog o negócio da licença la em cima também ta? vc se importa?
bjoksss
Néctar da Flor é um blog que sempre soube receber e retornar seus comentários. Nunca deixamos ninguém, por motivo algum, no silêncio de uma visita quando vem à nossa página. Por esse motivo queremos presentear todos os amigos, que assim como nós, sabem acolher qualquer pessoa que chega com gentileza na sua casa virtual. Sem recriminação, sem preconceito, sem frescura.
Simplesmente porque:
Acolhe com o coração!
Beijos jogados no ar, sempre!
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Ju!!
Poxa, q felicidade o seu comment, vc não sabe como me deixa feliz!
Espero realmente q vc tenha um tempinho pra me visitar mais vezes! :o)
Bjs mil!
Oiii Ju..passando pra deixar um bjo ^^
amigaaaa sumidaaaaa...Quero post novoooooo!!!! huhuh te adoro!
O nosso blog está concorrendo a esse prêmio:
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