03 dezembro, 2009

Vem pra jantar?!


Tudo é feito de fases nessa vida. Se um dia você está super-contente, no outro pode ser que o mau-humor tenha decidido te fazer uma visita. Achei interessante uma crônica curtinha que li na Gloss de setembro, intitulada "A prima Maldade" (leia a crônica no final deste post). Nela, a colunista Tatiane Bernardi fala da companhia agradável da maldade; de como, às vezes, assumindo sua presença, tornamo-nos mais honestos.


O engraçado mesmo é que sempre discuto sobre isso com um amigo e sempre acabamos a conversa com a mesma máxima: "A gente precisa voltar a ser malvado!". Mas, não entendam esse "ser malvado" como algo do tipo vou-atropelar-alguém-agora. Não! Isso diz respeito a se importar menos com as opiniões dos outros e não tentar ser o mais agradável possível. Aqui corresponde a não tentar ser o melhor amigo de todos, mas buscar ser honesto e, se preciso, desatento, descuidado... e grosso, vez ou outra.

Como eu disse no começo, a vida é feita de fases e, hoje, (in)felizmente, eu estou numa tão graciosa, que até quem me odeia tem gostado de mim. Isso é bom, até certo ponto. Mas, o ruim de ser bonzinho sempre é que você se torna vulnerável demais; e aí, qualquer coisinha passa a ter um efeito tremendo sobre você. Quer uma prova?!

Alguns dias atrás, estava eu vendo tv com meu irmão. Ele decide que vai assistir luta-livre e eu, insistindo que não queria dar ibope para uma sessão de violência gratuita, o convenci a tirar do canal. [Confessando: Aqui em casa, todo mundo adora filme de animação.] E daí, meu irmão coloca no DisneyChannel e eis que, à 1h da madrugada, está passando "A Família do Futuro" (Meet The Robinsons, 2007). Na verdade, quando ele colocou lá já estava quase no fim; tipassim, mais 20 minutos de duração. Como ele já tinha assistido, e eu sempre o encho de perguntas, ele me contou por alto do que se tratava o filme. Bem, bobinho. Mas, quando acabou, foi tão fofinho, que até deu vontade de chorar.

Sério! Não chorava tanto quanto nos últimos 3 meses, desde que tinha 10 anos de idade. Se esse tipo de fase for se repetir a cada década, até estou disposta a pagar esse preço de olhinhos marejados ao menor sinal de um suspiro. Mas, honestamente, não me reconheço. E é por isso que, passado o momento emocional, fico desejando que os saltos altíssimos da prima apareçam a minha frente pra eu poder dar umas voltas com ela de mãos-dadas, jogando beijos para o ar e soltando risadas sarcásticas, sem me importar com nada, a não ser comigo. Acreditem: eu já fui assim e como era bom.

A crônica pra ninguém ficar boiando - Vale a pena, sério! Ainda mais, porque eu tive o trabalhinho de transcrevê-la. ;]

GLOSSCOLUNA
A prima Maldade
por Tatiane Bernardi
Às vezes, minutos depois da chegada, ela desaparece com sua imensa mala vermelha cheia de apetrechos cortantes e pontudos. Tão grande, forte, bonita. Dá uma dor no peito aceitar o tchau, o carro já longe. Eu sei que ela volta, a Maldade não dura muito mas sempre volta. O problema é que dá a maior preguiça começar tudo de novo: as boas intenções, acordar cantando, sorrir que nem boba por aí. Como eu queria, alguns dias a mais, que ela ficasse . Essa prima que vem de longe só porque fico numa saudade infinita e imploro com minha melhor lábia.
Durante sua estadia, como nos divertimos! Mulher se dá bem demais com esse tipo de parente. E vai dizer que o mundo, com suas picuinhas, chatices e falsidades, não merece essa linda e imbatível parceria brilhando ao sol? É preciso sinceridade. Existe essa coisa incrível chamada nobreza de caráter e fofurinha de alma. A vontade de aceitar a vida, perdoar traições, ser amiga de todo mundo, alegrar pessoas. Gostar de gente. Pior: gostar das pessoas como elas são. Mas existe também a anti-heroína ultracharmosa e necessária que vai mentir um pouco só pra rir depois. Vai dar o troco com gosto. Vai fofocar até não suportar mais tanto veneno. É ou não é?
Prima querida, a vida é muito melhor (e mais digna) sem você. Mas quando você vem, junto chega essa sensação de ser inteira e honesta. De saber que tem hora de estender a mão mas tem também a de empurrar um pouco. Santo é tão improvável que vira santo, já parou pra pensar? A Bondade é essa loucura que me leva para longe. Depois, na chuva, no escuro, no frio, na lama, eu pequena, o mundo gigante e quase impossível. Eu olho para o chão e vejo seus saltos altíssimos e de bico fino. É ela que reaparece sarada e maquiada para me resgatar. Aí subo em suas costas e não tem para ninguém.


vide Revista Gloss, setembro/2009, nº 24.

-beijoeudissequevoltava;*

2 comentários:

Cristin disse...

Passei pra dizer que tô com saudades de vc!
Sei que estou meio sumidinha...mas vc tá mais!!!
Bj flor...td de bom...que seu dia seja lindo!

Lorena Dana disse...

Que texto mais inspirador! Ah, eu amo tanto a maldade! Mas é verdade que sempre precisamos buscá-la. Do tipo M.R., certo?

=D

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