24 junho, 2012

Sobre o namoro


Um dia eu abri a porta do quarto e dei de cara com um buquê de rosas vermelhas. Eu cortei os cabos e as coloquei em um vaso com água fresca. A sala ficou cheirando a pétalas e mato durante uma semana, ou menos. Apenas o tempo em que as rosas enfeitaram a vista de todos que abriam a porta e davam com aquele vaso sobre a mesa de jantar. O papel que envolvia o ramalhete foi para o lixo. Um crepom sangue com cheiro de papelaria e jeito de mãos ágeis e delicadas. O encanto das rosas também não demorou a passar. Logo, todos esqueceram aquelas flores ali no meio da sala.



Nunca fui dada a declarações de amor e símbolos de ternura. Romantismo é algo que sempre passou longe. Talvez porque não goste de exposição. Publicidade nunca foi o meu forte, mesmo. E estar atrás das câmeras foi sempre o que me atraiu. Mas, às vezes, o papel de protagonista cai nas mãos erradas e os diálogos, as caras e bocas acabam ficando tortas. Sem encaixe. Frustra a audiência, o diretor, o roteirista. E atrapalha a atuação do par romântico. Não que esta não seja a história ideal e eu até gostaria muito dela se a visse um dia na televisão ou no cinema. Ou até mesmo se a lesse em um daqueles romances moderninhos que fazem tanto sucesso hoje em dia. Chick-lit, né?

Mas, não encaixa e a ideia é reescrever tudo. Escolher novos personagens, criar novas cidades cenográficas, desenhar novos diálogos e tudo o mais. Meu projeto particular. Meu mundo do meu jeito (né, Carlinha!). Afinal, ninguém gosta de nada pré-definido. E histórias, romanceadas ou não, acabam sendo apenas um reflexo daquilo que somos, mesmo. Ou até daquilo que queremos mostrar ao outro. Aprendemos mais sobre os gostos e desgostos e nos aventuramos em áreas não exploradas. Até que o romantismo passa de um gesto, a um estilo. Sorrisos e abraços acabam significando mais e mais a cada dia e você percebe que é aquilo que quer para sempre, mesmo que esse sempre acabe no dia seguinte.

Não importa muito, porque a segurança de que tudo é real nunca vai passar. E mesmo que a dor venha regada a muitas lágrimas, os dias que passaram nunca poderão ser apagados (por mais que se tente). Porque, viver é mais do que amar e ser amado. É saber que ser amado não tem tanta importância quando se tem certeza de que o coração está cheio de momentos bons e inesquecíveis. É saber que, mesmo distante, o outro terá sempre seu valor registrado nas páginas das lembranças e arquivado nas fontes da memória decodificadas na alma. É saber valorizar tudo aquilo que o outro valorizava em você e entender que, de uma forma ou outra, ele te mudou para sempre.

É como tatuagem... "Corações de mãe, arpões, sereias e serpentes que te rabiscam o corpo todo, mas não sentes". Não dá pra, simplesmente, arrancar. Como me disse um amigo, uma vez: "Oportunidade de namorar todos tem, mas oportunidade de fazer uma história juntos, poucos querem".

-beijosamados;*

2 comentários:

tony disse...

nunca me condicionei a nada, também. Tudo que fiz e deixei de fazer foi ao natural, bem ao estilo do que seu amigo disse: nunca me aproximei de fato de alguém com quem eu não quisesse construir uma história. É o que mais guardo de cada uma das que passou pela minha vida. É o que mais acumulo com quem está ao meu lado hoje. Claro que já me distraí uma vez ou outra. Mas como toda distração, voce pisca e já se vê buscando outra coisa...

curti! e a "vinheta presente" está de pé: se quiser, só pedir :)

Hadassah disse...

Aiai essas histórias de relacionamentos... Sou péssima nisso, mas gostei do texto e acho que é verdade o final o que levamos são as boas lembranças e chance de ter arriscado e tentado. Pelo menos tento pensar assim.

PS: Obrigada pela visita e pelo comentário, gostei muito do seu blog

bjss

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