06 outubro, 2011

Jornalismo, o outro lado



Nós somos cretinos. Ganhamos dinheiro (pouco, claro) sobre a dor das demais pessoas. Brincamos de Deus, escrevendo obituários prévios para furar o olho da concorrência.


Bancamos juízes (in)justos, condenando os erros alheios, como se os mesmos não fossem exatamente iguais aos nossos próprios. Usamos a criticidade para criar tolices conspiratórias e mirabolantes teorias para promover a duplicidade, triplicidade, quadruplicidade, e quantas mais plicidades puderem ser publicadas acerca de uma realidade só. Realizamos o mundo a nosso bel prazer, com a desculpa civilizada da objetividade e da imparcialidade que, na verdade, não passam de conceitos derrubados e reerguidos na primeira semana acadêmica; na primeira rotina noticiosa. Manchetamos fatos irrisórios, metaforseando-os na urgência de bater os rivais. Enganamos desde os mais simples, até aqueles que se julgam, de uma forma ou de outra, mais elaborados. Não sei bem dizer o que o jornalismo muda na vida de alguém. Matutando posso até concluir que nascemos assim: jornalistas. E que essa competitividade normalizada e cotidiana somente aflora em nós todos esses instintos inerentes. Matar alguém torna-se, então, diário.

E a audiência não duvida dessa nossa capacidade de registrar com tamanha eficiência acontecimentos com tal instantaneidade.

-beijossilenciosos;*

6 comentários:

Say disse...

Me pergunto agora se vale a pena ler/assistir jornal...
Bjus Ju
^3^~~

tony disse...

diria que é o mesmo lado. O outro é o que pouca gente dos nossos mercados quer encarar: a informação, no formato que nossas graduações propoem, é um produto. Que voce pode comprar ou ir buscar. Ao buscar torna-se responsavel pelo custo de compreender por conta propria. Ao comprar, deixa que alguem pense por você, o que não por coincidencia é a pasteurização que a midia promove desde muito antes que nós sequer estivessmos aqui. Como as gerações do futuro aprendem e já aprenderam a buscar por conta, pagar porque? essa noticia, essa empresa, esse conglomerado, está a serviço de qual lado, de quais anunciantes? Dai o pessoal lá nas cupolas das redações tele/press ficam sem saber porque as tvs estão mais desligadas, os jornais circulando menos... o óbvio as vezes é dificil de enxergar! a pena é que o modelo está sendo replicado na blogsfera... o resultado é questão de tempo [ = nascimento de outra midia / rede social de informação + eficiente / - monetizada].

dos anteriores...
palavras trancadas \\ adoro essas declarações "semi-confessionárias" :D... algumas coisas de fato são de se viver, mais que de se escrever ou [d]escrever. Por mais infame que possa parecer, eu, também da comunicação, que escrevo por paixão mais que pela força profissional, digo sem titubeio: palavras são apenas palavras. Trancadas ou não. Com cada letra dá pra contar tanta coisa, mas o que elas realmente dizem, tal qual identificar o gosto do feijão, é questão de sabor, de olhar, de ver além de ler, de sentir além de pensar em responder... se sentir-se vivo, ao invés de apenas viver.

ogrices \\ creio que ogros de verdade são os que se enclausuraram em suas conclusões, ideias e pensamentos. Alguem que é alguma coisa só o tempo inteiro, bem da verdade, não é nada nem ninguém... só um mero reflexo.

jo e feijão \\ quem diria, em pleno 2011 e eu leio alguem catando feijão, eita mundo maravilhoso :D... lembro que nos [agora muito] idos tempos em que morei 'ai pertinho' de ti [Tocantins] também fazia isso, mas ainda não tinha maturidade para qql analogia. Dá pra extender para a forma como absorvemos a noticia, não? Se é só o caldinho, ou se pesa como feijoada...

bjo :)

Évelin disse...

sempre tive uma visoa muito romantica do jornalismo. adorei o texto.

Lari disse...

Acreditar em quem, se até mesmo a mídia tem esse lado duvidoso?
Meu professor de redação fez jornalismo, publicidade e letras. Esse post me lembrou da explicação dele sobre isso. :/
Beeijo.

Unknown disse...

Texto interessante, que vai de encontro a um livro que estou analisando agora no meu TCC, do Noam Chomsky... Em inglês, "Manufacturing Consent" fala sobre os filtros que acabam determinando o que o jornalista escreve, em consonância com seu "chefe", seus anunciadores e maiores investidores (lê-se governo, políticos!... Um tanto quanto fatalista e sem o heroismo do jornalismo...

Enfim, tô aqui fritando e tentando relacionar isso com a cobertura da guerra do Iraque.

Saudades de você, madrinha! Por onde andas?

bju

Unknown disse...

uau.... pena que tem esse lado né? é dura e crua a realidade... te amo florzinha, saudade de tu!

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