Há algum tempo tive uma conversa interessante. Em tempos de eleição, vira-e-mexe o assunto acaba caindo na política. A discussão começou com uma declaração que um amigo fez em meio à roda, afirmando que votaria em uma amiga da namorada, caso a tal candidata lhe desse R$10. Todos riram, menos eu. Admito que sou muito tensa, às vezes.
E desta vez, não foi diferente. Indignação foi minha primeira reação. Comecei a pagar sapo falar de consciência e de cidadania. Ao que um outro amigo, que já me conhece, pediu que eu não falasse sobre isso. Contudo, achei a ocasião apropriada, ainda mais quando meu interlocutor questionou e me incentivou a falar mais sobre aquilo, ignorando os outros que, deliberadamente, se afastaram dali (sem comentários, queridos-amigos-do-coração-sem-senso-de-cidadania-sim-são-vocês).
O que achei mais intrigante foi o fato de ele se mostrar completamente interessado e também me fazer várias perguntas sobre o que eu entendia por voto, políticas de campanha e etc. A conversa não durou mais do que dez minutos, eu suponho. Mas, foi uma das mais estimulantes que tive até, então. Tanto que me incentivou a escrever este post.
Hoje em dia, é muito fácil abrir mão do próprio voto, seja anulando-o, vendendo-o ou até mesmo se abstendo de votar (porque a multa é ridícula, sério). É muito fácil também taxar todos os políticos de corruptos, mal-exemplo, o escambal. É ainda mais fácil afirmar que ninguém muda nada e que "é por isso que o Brasil não vai pra frente".
O que eu tenho observado em todas as esferas sociais pelas quais circulo é a mesma coisa: desinteresse. Por esse motivo, julgo eu, cada dia a política tem se tornado um assunto muito remoto, que fica restrito somente aos períodos de campanha eleitoral. Além do que, as pessoas não procuram compreender mais sobre o tema, transformando tudo aquilo que deveria ser apenas um ponto de partida para a discussão eleitoral, no circo que se apresenta hoje à sociedade.
Sinceramente, quando vejo o nível das propagandas eleitorais, sinto-me até mesmo angustiada, porque o conteúdo de entretenimento publicado, e tomo a liberdade de classificar o horário eleitoral gratuito veiculado na tv assim (o que não deveria acontecer, já que a idéia é informar, então deveria aproximar-se mais ao gênero informativo), apenas reflete aquilo a que a sociedade está acostumada.
É raro encontrar alguém que assista àquela tragédia aos programas dos candidatos, com a intenção de se informar a respeito das plataformas de campanha e etc. Até mesmo porque, o conteúdo ali é muito mixo escasso, e não tem condições de construir opinião política. O ideal seria que os eleitores se interessassem e procurassem formas de adquirir conhecimento, pelo menos, do candidato a quem pretende dar seu voto.
A intenção desse post não é fazer cabo eleitoral, não é pedir votos para candidato algum, não é provocar intelectuais ou diminuir leigos. O objetivo é somente estimular a busca por conhecimento, ainda que pouco aprofundado. Voto, além de um dever, é um direito. É através do voto que a população pode ter voz. Seja votando no candidato da família, do líder religioso, do bairro. Seja votando em alguém em que se acredita de fato. Seja votando naquele que "vai vencer a eleição". Seja votando nulo como forma de protesto. Toda forma de voto pode ser legítima, desde que o eleitor tenha consciência de sua ação.
Neste 3 de outubro eu convido você a votar de maneira consciente!
-beijosconscientes;*
9 comentários:
Há a falta de consciencia sobre coisas mais simples [da noção de respeito ao proximo à capacidade de realmente ouvir o outro, só pra exemplificar], por isso a politica é um assunto mal tratado pela nossa geração, como também é para a dos nossos pais. Começa também em casa, uma vez que a maneira que nossos pais usam para defender os proprios interesses [a essencia da politica] reflete diretamente na nossa capacidade de sermos politizados na vida. E passa pela capacidade que as pessoas têm perdido de conhecer as outras. Preferem ficar só na ponta do iceberg: o rótulo, o parecer, o jeitinho do nick/foto/pose na vida online, uma ou outra coisa que a pessoa diz, e não o seu todo.
Essa cultura do "deixa como tá pra ver como é que fica", de levar as coisas com a barriga, é lamentável. Na maioria dos casos so há reação quando é pela defesa de um bem übber particular. Nesse "egoismo", as pessoas não enxergam que um voto pode mudar toda a realidade do seu bairro, da cidade, do país, omitem-se do tamanho que ele realmente. Por isso a alienação. Por isso conversar mais sobre pessoas [Novelas, BBB, A Fazenda, algumas das séries norte-americanas] do que sobre coisas. Por isso a fuga do que se pode resolver para coisas quais não lhe cabe a decisão, nas quais pode ser apenas audiência.
O sistema da comunicação eleitoral / politica brazuca é raso como a [maior parte da] audiencia que cobre. É pobre de repertório, mais para alienante que conscientizadora, para manter aquela audiencia nessa média passiva, incapaz de reagir e querer mais de quem "escolhem" para resolver problemas coletivos; vendendo para essa massa as pessoas [sobre as quais adoram falar, ao invés de projetos].
Aposto aquele pacote de balas sete-belo que esse post terá poucos comentários, ou aqueles do tipo "ah, é verdade Ju", e só. :P
bjo!
Outro ponto importante é a supervalorização da escolha para o Executivo em detrimento do Legislativo. O que teoricamente deveria ser o inverso. A maioria desses candidatos que oferecem um "circo" em suas campanhas buscam atrair votos para o partido. Existem pessoas que se acham "Os" intelectuais e resolvem fazer "voto de protesto" e acabam compactuando com a entrada de mais gente despreparada do que apenas o "candidato" que elas votaram. As propostas dos nossos futuros deputados em geral são mais rasas do que poça de lama,visivelmente eleitoreiras. E as idéias...bem...melhor não comentar.
Particularmente,acho que para o cargo de deputado cada um deveria escolher alguem que represente sua comunidade,alguem com trabalho e idéias conhecidas. De forma com que tenha provas da seriedade e comprometimento do candidato escolhido. E não escolher através da primeira bandeirinha que se encontra balançando na rua.
Já ia esquecendo "Ah, é verdade Ju!"
Infelizmente a população ainda não tomou consciência do poder que um voto tem. Quando digo que vou votar em fulano, ainda que o fulano não tenha chance de ganhar, escuto que estou jogando meu voto no lixo. Discordo. Estou depositando meu voto e minha confiança em alguém em quem acredito e acho capaz o suficiente pra tomar conta do meu, do nosso país. Se todos pesquisásemos antes de votar, não veríamos tanta corrupção hoje e estaríamos a poucos passos da construção de uma democracia realmente justa.
É, Juliana, esse assunto dá pano pra manga...
Ótimo post!
Ops, quase esqueci!
"Ah, é verdade Ju!"
Ai amiga, super oportuno seu post e é isso mesmo, não dá para decidir o futuro do país do nosso dinheiro e da nossa vida de forma irresponsável e sem consequências que, apesar do voto ser individual, tem reflexos no coletivo né?
tá linda sua foto nova do perfil toda de óculos rsss
bjooooooooooocas
Ei júu, minha jornalista preferida!! *--*
Gostei do post... acho que isso é o que falta na sociedade atual, buscar conhecer as coisas, não só os candidatos na hora de votar, mas falo sobre tudo, a busca por conhecimento hoje é algo pouco considerado e os que o fazem são as vezes tachados de chatos!
Espero que todos escutem seu conselho e nesse 3 de outubro, votem com consciência!!
=*
"Toda forma de voto pode ser legítima, desde que o eleitor tenha consciência de sua ação." Resumiu o que eu acho! Gostei do texto. Parabéns, querida!
E como ele, tem mtos espalhados por aí, infelizmente é nossa realidade, nossa cultura acomodada.
Besitos
=******
Juliana,
Quando vejo ou ouço propaganda eleitoral, fico incomodada, sem querer acreditar que ainda existem pessoas que vendem o voto, pensando que com isso estão fazendo um bom negócio. Ando revoltada com essa palhaçada política há algum tempo, passei alguns anos sem votar por pura rebeldia, mas chega um momento que queremos ver mudança nessa liderança de fichas sujas.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
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